Na sombra do vazio
As gajas boas passam
e sinto me atraído por elas.
Mas é como uma comida sem sabor,
as gajas passam e é como se estivessem
a passar num ecrã.
Posso ver mas não posso tocar.
O amor passou e eu agarrei-me a ele,
foi apodrecendo, foi se esvaindo,
como areia que desliza pelos dedos da mão.
Tento retomar a sua já doentia memória,
mas a triste verdade é que já não sei o
que isso é.
Procuro sentir um sabor que já não sabe.
A esperança é como uma ferida
que já tantas vezes prometeu cicatrizar.
A ferida continua aberta.
O mundo à minha volta parece esterelizado.
Não sinto qualquer emoção.
Repito para mim próprio: o mundo é tão grande,
o mundo é tão grande...
O mundo é tão grande que em algum lugar
todas estas coisas brilham de outra maneira.