"Lisboa e Atenas encontram-se situadas na mesma latitude geográfica e espiritual."
Fernando Pessoa - escritos dispersos
Será injusto que não haja mulheres a comandar a guerra na Líbia? Ou será injusta a guerra na Líbia?
Será machista usar a habitual condenação por parte de organizações anti-guerra dos bombardeamentos de civis em especial quando se atingem mulheres e crianças? Ou será que seria melhor matar todos por igual?
As e os, os e as, @s, dras, drs, dr@s, senhoras e senhores... tudo não passam de construções sociais.
O mundo fica melhor com mais mulheres na política? O mundo é melhor quando as mulheres lideram um país? O mundo é melhor quando as mulheres tomam conta do poder económico? O mundo é melhor com as Merkel, Hillary Clintom, Condolezza Rice, Margaret Tatcher, Sarah Pallin, Maria Lurdes Rodrigues, etc, etc...
O mundo é melhor quando simplesmente passa a ser "a" e passa a ser "munda"?
O mundo é melhor quando fica claro que as mulheres não são frágeis porque isso é tudo um preconceito-estereótipo? O mundo fica melhor quando as mulheres provam que podem fazer tudo o que os homens fazem, mesmo as coisas mais abjectas?
O mundo é melhor pela simples troca: passa-se o poder do homem para a mulher?
São perguntas de um gajo "construído socialmente" no amor naif pelas mulheres e na identificação dos oprimidos como uma questão de classe, a minha classe d@s explorad@s.
O mundo foi invadido por zombies
Políticos burgueses em estado catatónico
Caminhando num horizonte fixo
Sem nunca mudar de curso
Não importam as consequências
O próximo passo pode ser um precipício
O vizinho resiliente está te a apontar
uma carabina
Se te cortaram a cabeça
Ele ainda tem o dedo no gatilho
Se a carne que queres morder te é familiar
Ele contraiu a menbrana
O pelotão de fuzilamento está pronto
Défice... orçamento... estabilidade... mercados...
Austeridade... CAAAAARRRRRNNNEEEE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(zzzaaasssssssssssssssssss)
É o mundo visto da retina dos zombies
Os trabalhadores já não comem lentilhas
Agora... chupam os dedos
Os políticos já não chupam os dedos
Agora comem as tuas visceras
Os banqueiros já não comem visceras
Agora comem carne humana
Os generais já não comem carne humana
Agora comem carne de zombie
(hush little baby don't you cry)
Cheira a putrefacção
O cadáver ainda não tinha digerido
a última refeição
Um disparo perfura o estômago
e deixa o suco gástrico esvair-se
com um ensopado de barrego
O que é preciso é rigidez cadavérica!
Rigidez cadavérica!
Rigidez cadavérica!
Os tempos mudaram desde Marx
O mundo mudou desde Lenine
O que vivemos hoje já nem se parece com o que viveu o Che
Há certas coisas que não mudam
Mas que a história não se repete continua a ser um facto
E não vale a pena estender uma bandeira branca e aceitar a derrota
Porque a verdadeira derrota é continuar a viver em Capitalismo
(quem sofre as suas injustiças sabe-o muito bem)
Não descobriremos a pólvora, nem sequer Marx o fez
Mas definitivamente precisamos de algo novo
Não há receitas, não há fórmulas
Mas há certamente a nossa capacidade de
Voltarmos a ser companheiros e camaradas
Do nosso vizinho, do nosso colega de trabalho,
Dos nossos amigos, familiares e amores
Até de um qualquer desconhecido
Se apenas percebermos essa identidade oprimida que nos une
Isso é suficiente para percorrermos esse caminho de horizonte revolucionário
Não esperemos vencer esta montanha numa qualquer madrugada
A luz que nos ilumina apenas de deve a sabermos que este barco vai zarpar
E mais vale estarmos bem acompanhados
(e viva a poesia urbana e os gragitis)
Ter ou não ser, eis a questão
Ser ou não ter, eis a questão
Diria o William do Capitalismo...
Se não tens, não és ninguém, não és nada
Se tens muito, és grande, és poderoso
Tudo tem um preço... (o dinheiro é o "d"eus omnipresente)
Menos os meus sonhos, esses ainda não conseguiram privatizar.
Anoche la vi pasar.
Caminaba despacio
Parecía aletargada
como si ya estuviese dormida.
Sin ritmo, sin gracia
sin transmitir nada;
nada más que desconsuelo.
Era la vida.
Pude incluso escuchar
el terrible vaivén de su respirar
ahogada entre susurros.
Buscaba y no encontraba aire puro.
Era la vida,
la vida en moribundo.
También lloraba,
lloraba amargamente.
¿Dónde está el alma de mis hijos?
Preguntó.
¿Por qué a nadie
le preocupa mi decadencia?
Era la vida,
la vida sin presencia.
La noté hundida,
hundida en la miseria
rota por el dolor.
Quiso ponerle precio a su dignidad,
Después no tuvo para pagarlo.
Era la vida,
la vida anquilosada,
arruinada.
Finalmente cayó.
Su frágil cuerpo no pudo soportar más
el peso de su sufrimiento.
Cayó redonda al suelo y calló para siempre.
Era la vida,
la vida que se pierde.
Ya está muerta la vida.
La hemos matado entre todos.
Muerta por la imagen
por los estereotipos
por las apariencias
por el consumismo.
Muerta con la anulación
del ser por el tener.
Un suicidio.
Era la vida,
la vida que un día vivimos
tal vez sólo en sueños.
O Tal vez ni eso.
Tal vez ya nacemos muertos.
Pedro Antonio Honrubia Hurtado
Queres trabalhar
desempregado
Queres ser dono do teu destino
de bolsos vazios
Queres a Revolução
entre companheiros dispersos
Queres viver entre irmãos
no buraco da solidão
Queres lamber a pele da tua Musa
punhetas
Queres uma carícia ainda que fugaz
o Amor está muito caro
Sabes ao menos o que queres, o que queres ser e onde queres sê-lo
A tua vida está no Limbo, procuras o caminho no meio da escuridão