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Quinta-feira, 11 DE Março DE 2010

No me vas a provocar

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publicado por Rojo às 22:49
Quinta-feira, 11 DE Março DE 2010

35 anos do 11 de Março, das nacionalizações e do controlo operário

Quinta, 11 Março 2010 17:39

Avante - Trabalhadores derrotam golpe e levam revolução à economia.

 

Assinala-se hoje o 35.º aniversário do 11 de Março de 1975, golpe militar promovido pelas forças contra-revolucionárias. A derrota do putch pelos trabalhadores e o povo aliados aos militares revolucionários do MFA consolidou a liberdade conquistada a 25 de Abril de 1974, abriu caminho à resposta que a sabotagem da burguesia impunha, afastou as classes dominantes do poder político e aboliu, no fundamental, o seu poder económico.

Desde o derrubamento do fascismo que as forças contra-revolucionárias procuravam travar o processo libertador empreendido pelos militares aliados do povo, e pelos trabalhadores e as suas organizações de classe.

A reacção começou logo em Julho de 1974 com o golpe Palma Carlos, com o qual António Spínola, então presidente da Junta de Salvação Nacional (JSN), pretendia «chamar a si “plenos poderes”»*; e continuou, meses depois, no «28 de Setembro», igualmente outro «golpe de Estado, mas culminando e tendo como elemento preparatório determinante um plano ambicioso de mobilização, concentração e manifestação gigantesca de forças reaccionárias»*.

Derrotando estas duas intentonas, prosseguindo a efectivação das aspirações e conquistas de Abril através do seu exercício prático, isto é, sem esperar pelos decretos de um poder político-militar roído por contradições de classe e tendências, e, por isso, incapaz de «tomar a iniciativa e a direcção das transformações revolucionárias»**, a luta de massas assumia-se como o motor da revolução.

O povo e os trabalhadores cumpriram, desde as primeiras horas de Abril, a liberdade de reunião e manifestação, de associação política, de acção e organização sindical e de greve, de imprensa e expressão; sanearam os fascistas das autarquias e deitaram mãos à identificação dos problemas locais e à sua resolução; avançaram para a Reforma Agrária depois da 1.ª Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul - convocada pelo PCP e realizada a 9 de Fevereiro de 1975, em Évora - alterando radicalmente as relações sociais nos campos do Alentejo e Ribatejo e respondendo, desta forma, à necessidade objectiva de proteger a revolução da violenta reacção dos latifundiários, que viam escapar-lhes o poder que haviam conservado durante a ditadura fascista.

Cumplicidades

Enfrentando um vigoroso movimento popular e da classe operária disposto a defender o processo revolucionário e as liberdades conquistadas destruindo o domínio e o poder dos monopólios e latifundiários e construindo a democracia nos planos político, económico e social, o grande capital e os agrários procuraram, mais uma vez, salvaguardar o controlo do aparelho de Estado que, durante 48 anos, laborara ao serviço da concentração e acumulação de capital.

A novidade em relação a anteriores golpes é que, com Spínola afastado das suas altas funções, as forças contra-revolucionárias passaram ao ataque «de fora do poder político e contra ele»*.

Reagrupados e organizados, passaram à contagem das espingardas. No CDS de Freitas do Amaral e no PPD de Sá Carneiro tinham sólidos apoiantes para golpes e conspirações. No PS de Mário Soares encontraram um fiel aliado.

Nos bastidores, logo depois do 28 de Setembro, «estabeleceram-se contactos regulares de responsáveis do PS (nomeadamente Manuel Alegre, Edmundo Pedro e Vítor Cunha Rego) com o próprio Spínola, no seu retiro em Massamá»*, confirma Mário Soares. Contactos que, acrescenta, tinham como objectivo «ficarem ao corrente do que se pensava e projectava no sector dos militares chamado spinolista»*.
Já depois da morte de Spínola, Alpoim Calvão contaria que «em Outubro de 1974 dois importantes elementos do PS contactaram um oficial muito próximo do general Spínola sugerindo-lhe que se organizasse uma rede de oficiais prontos a intervir». A sugestão foi aceite.
Acompanhando de perto a evolução dos acontecimentos, a CIA encara «um golpe para Portugal, do tipo chileno» a realizar antes do fim de Março [de 1975], e para o qual Spínola terá recebido «luz verde do Embaixador dos EUA, Frank Carlucci»*.

Objectivos concretos

Como primeiro patamar para o golpe, está definida a substituição de oficiais vinculados ao MFA por spinolistas no Concelho das Armas e Serviços do Exército. Tal acontece e Soares confessa, posteriormente, ter achado «esses resultados encorajadores»*.

Segue-se o segundo patamar, que incluía o assalto ao Regimento de Artilharia de Lisboa (RAL1), a tomada do Palácio de Belém aquando da chegada dos membros do Conselho dos Vinte para uma reunião com o presidente Costa Gomes, o qual seria convidado a subscrever a exoneração e prisão destes. Acto contínuo, promover-se-ia o regresso de Spínola ao poder donde «proclamaria o estado de sítio, suspenderia as liberdades democráticas, adiaria as eleições para a Assembleia Constituinte marcadas para Abril e anunciaria para Novembro eleições, nas quais simultaneamente o povo português escolheria, de uma só vez, “o presidente da República, a Constituição por que deseja reger-se, o Programa de Governo, que deseja seja executado e os deputados da Assembleia Nacional” (sic) (de um rascunho apreendido na altura do golpe e que, por esta designação de “Assembleia Nacional” e não “Assembleia Constituinte”, se vê ser engano de pessoa vinda do “antigamente»)*.

Provocações e boatos

Pelo País, corriam há meses boatos de que os comunistas queriam instaurar uma ditadura. Provocações dos fascistas, da direita e de grupos esquerdistas manipulados por estes, eram atribuídas ao PCP. O patronato sabotava e lançava uma campanha de intrigas contra os comunistas, o MFA e o III Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves.

Escassos dias antes do golpe, de Madrid chegam dois oficiais spinolistas - Nuno Barbieri e Carlos Rolo - que tratam de espalhar o boato de que os comunistas preparam brigadas para matar Spínola e centenas de militares e civis incluídos numa suposta lista de contra-revolucionários. A operação chamar-se-ia «matança da Páscoa» e estaria prevista para dia 13 ou 17 de Março, sustentam.
No julgamento dos operacionais do 11 de Março, estes alegam ter recebido tal informação oralmente e no processo não consta a referida lista. «É verdadeiramente inacreditável que nem os oficiais informadores tenham dito, nem ninguém lhes tenha perguntado, quem lhes dera tal informação. Fantástico também que no processo não conste qualquer investigação da sua origem»*.
«Uma questão, que se coloca, é a quem podia aproveitar toda esta operação, toda esta especulação, toda esta pretensa justificação do golpe no dia 11.

«É fácil de concluir. Se o golpe ganhasse, Spínola assumiria plenos poderes, teria julgado e condenado o PCP acusando-o do horrendo crime, que se aprontaria para realizar. A acusação ao PCP de um tal “plano” justificaria, essa sim, uma “matança” dos comunistas para executar a qual, na preparação do golpe spinolista, aparecem referidos “especialistas” preparados e prontos para acções de retaliação e vingança. Se o golpe falhasse, poderiam os golpistas gritar (como vieram a fazer) terem caído numa “armadilha”, numa “ratoeira”, montada pelo PCP…»*.

«A “matança da Páscoa” foi mais uma das grandes e sórdidas mentiras e provocações da contra-revolução que acompanharam sistematicamente todos os seus golpes falhados: o golpe Palma Carlos, o 28 de Setembro, o 11 de Março, o 25 de Novembro.
«Ainda actualmente há quem insista em assim falsear a história. Tudo vale para passar a mentira»*.

Derrota às mãos do povo

Preparado o contexto, na noite do dia 10 de Março, Spínola e os seus oficiais aquartelam-se em Tancos donde lançam a ofensiva. «Helicópteros e aviões bombardeiam o RAL1 considerado um regimento-chave do MFA e do 25 de Abril. Na PSP o comandante participa na provocação, mas é detido pelos outros oficiais. A meio do dia, os pára-quedistas cercam o RAL1, exigem a rendição do regimento e apresentam um ultimato, que o comandante Dinis de Almeida firmemente rejeita. Enquanto os comandantes do RAL1 e dos pára-quedistas discutem, os pára-quedistas são cercados por grande concentração de trabalhadores e da população. Oradores, com relevo para António Dias Lourenço, dirigente do PCP, explicam-lhes que foram enganados. Acabam por largar as armas e abandonar o local. O golpe fora derrotado»*.

Derrotado o golpe às mãos do povo, PS e Mário Soares – que não comparecera à reunião do Conselho de Ministros realizada em São Bento na manhã do golpe, repetindo a ausência registada a 28 de Setembro - negam cumplicidades com a reacção, associam-se às comemorações populares da derrota do 11 de Março e juram a unidade com o PCP. Falam «ao gosto do momento» porque «era necessário aguentar e inserirmo-nos na corrente», confessaria, mais tarde, Soares a Maria João Avillez (MJA)*.

Nova investida

Mas a inserção na corrente logo cedeu lugar à habitual deserção revolucionária e à provocação aberta. Alcançando a maioria na Assembleia Constituinte, o PS revigorou-se e, com PPD e CDS, com grupos esquerdistas e militares de pouca palavra para com Abril, alimentou a campanha de contestação permanente aos governos provisórios seguintes, determinantes no avanço revolucionário com as nacionalizações dos sectores estratégicos da economia nacional.

Logo em Maio de 1975, no Dia do Trabalhador, entram no Estádio 1.º de Maio «de roldão, em puro confronto físico, abrindo caminho ao empurrão, ao soco e aos encontrões», confessa Soares a MJA*. Seguem-se outros episódios da «ruptura de facto» e da «declaração de guerra aberta contra o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, contra o PCP e contra o IV Governo Provisório»*.
A 4 de Julho, apesar das advertências de Vasco Gonçalves, Soares comparece numa recepção na embaixada dos EUA em Lisboa. «Os americanos não esqueceram o meu gesto», sublinha a MJA. Dias depois, segue o PPD no abandono do Governo e lança com outros dirigentes do PS uma campanha de difamação do Partido, dos militares progressistas e revolucionários do MFA e do então criado Conselho da Revolução.

«No dia 13 [de Julho], em coordenação com o andamento das coisas e à laia de morteiros da festa, o assalto e destruição do Centro de Trabalho do PCP em Rio Maior dá início ao planeado terrorismo bombista»*. O terrorismo bombista duraria todo o chamado «Verão Quente».

No final de Julho, «forma-se um triunvirato cimeiro do MFA (Costa Gomes, Vasco Lourenço e Otelo)»*. A 8 de Agosto toma posse o V Governo Provisório, mas logo a 27 desse mês o responsável do Comando Operacional do Continente (COPCON), Otelo, retira o apoio a Vasco Gonçalves. Copcon, Grupo dos Nove - cujo manifesto foi difundido na véspera da instalação do V Governo Provisório -, e esquerdistas pseudo-revolucionários partilham louros na liquidação do MFA. Nas ruas, em grandes acções de massas, os trabalhadores e o povo demonstram estar com os avanços revolucionários.

«Com o pronunciamento de Tancos a 2 de Setembro, conseguem finalmente consumar o resultado: Vasco Gonçalves exonerado de primeiro-ministro e de efectivas responsabilidades militares.

«Conseguiram arredar do poder aquele contra o qual, utilizando os mais indignos meios e campanhas, tinham movido uma guerra sem quartel. Sem quartel, porque, firme e corajoso, durante mais de um ano primeiro-ministro nos tempos cruciais da revolução, deu tudo de si próprio para que em Portugal fosse criada uma sociedade mais justa e melhor. Sempre com o povo, que o aclamava “força, força, companheiro Vasco/nós seremos a muralha de aço”.

«Afastaram o general, afastaram o primeiro-ministro. Não afastaram o “companheiro Vasco” do coração de muitas e muitas centenas de milhares de portugueses e portuguesas para quem a gratidão não é uma palavra vã»*.

Resposta necessária

Na batalha ideológica que constitui a avaliação dos factos e o esclarecimento sobre o curso do processo revolucionário, a burguesia destila ódio de classe sobre o controlo operário e as nacionalizações, ocultando que estes se impuseram como a resposta necessária à defesa da democracia, da economia e das liberdades alcançadas, e corresponderam às aspirações populares de criação de um novo modelo de desenvolvimento. Depois de retirado o poder político à contra-revolução, era necessário enfrentar igualmente o poder económico de um punhado de grupos monopolistas associados ao capital estrangeiro, os quais constituíam sólida base de apoio aos partidários do retrocesso.

O controlo operário, apesar de exercido desde os primeiros tempos após o 25 de Abril, manifesta-se inicialmente «pelo saneamento do grande patronato fascista e dos seus agentes directos»**.

«A intervenção dos trabalhadores não pôde porém limitar-se aos saneamentos. Logo teve de alargar o seu âmbito para responder à sabotagem económica e às ofensivas do patronato reaccionário contra os direitos dos trabalhadores»**, estabelecendo-se, «pouco a pouco, em virtude do abandono de empresas pelos patrões, da fuga destes para o estrangeiro, de situações de insolvência ou evidente falência técnica, de desvios e transferências de fundos, de fraudes contabilísticas, da retirada de máquinas e equipamentos, do não aproveitamento de matérias-primas, do esgotamento de stocks, da não aceitação ou do cancelamento de encomendas, do desinteresse na busca de mercados, da degradação económica e financeira e do risco próximo do encerramento das empresas»**.

Foi, na verdade, «uma luta corajosa, tenaz, por vezes heróica»**, de «alto e positivo significado político, social, económico e moral» sem a qual «a democracia portuguesa não teria tido vida longa»**, quer tenha sido exercida em colaboração com as administrações privadas ou nomeadas pelo Estado, quer tenha obrigado à constituição de cooperativas e, portanto, à passagem à autogestão, quer tenha ainda motivado a assunção de funções de gestão fruto da realidade imposta.

Em todo o percurso e nas mais variadas experiências concretas, revelou-se «a par do espírito de organização, da coragem e combatividade, o poderoso espírito criador da classe operária e das massas trabalhadoras»**.

A revolução chega à economia

No mesmo contexto, «as nacionalizações aparecem como resultado do processo revolucionário, como consequência lógica da agudização da luta de classes, que opunha à Revolução portuguesa os grupos monopolistas, o grande capital»**.
Antes do 11 de Março, já se haviam nacionalizado as três entidades emissoras de moeda, mas foi «a derrota da reacção no 11 de Março, o comprometimento do grande capital na conspiração, o súbito avanço das forças revolucionárias, a luta enérgica dos trabalhadores, a acção dos militares do MFA, a aliança Povo-MFA, que permitiram dar início às nacionalizações que, num curto espaço de tempo, abrangeram os sectores básicos da economia nacional»**.

Após a decisão do Conselho da Revolução de nacionalizar os bancos e as companhias de seguros, tomada a 14 e 15 de Março, inicia-se um processo que, com a acção dos trabalhadores e da classe operária aliada à firmeza dos IV e V governos provisórios, colocou ao serviço do povo e do desenvolvimento do País «245 empresas: 24 bancos e outras instituições de crédito, 36 companhias de seguros, 16 de electricidade, 5 de petróleos, 8 de fabricação de produtos minerais não metálicos, 1 de fabricação de vidro, 1 na indústria do ferro e aço, 2 de construção de material de transportes, 2 mineiras, 4 de produtos químicos, 6 de celulose e papel, 5 de tabaco, 7 de bebidas, 8 de pesca, 1 da agricultura, 96 de transportes terrestres, 8 de transportes marítimos, 1 de transportes aéreos, 10 de cinema e televisão, 4 editoras e tipografias»**.

Este forte Sector Empresarial do Estado (SEE), a par das centenas de empresas intervencionadas, de capitais públicos ou participadas, gerou potencialidades para atacar grandes carências, criou milhares de postos de trabalho e, mesmo atacado visando a sua liquidação, permitiu a racionalização dos recursos existentes no interesse do progresso e da melhoria das condições de vida, não apenas dos trabalhadores dessas empresas, mas da maioria da população.

As consequências da política de direita que nos últimos 34 anos serviu a restauração capitalista estão a mostrar que, no actual contexto de crise, a existência de um sector público forte e capaz de retirar o País do declínio, dos défices estruturais e da dependência estrangeira, mantém-se com aguda actualidade.

(*) Álvaro Cunhal, «A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (A contra-revolução confessa-se)», Edições Avante!, Lisboa, 1999
(**) Álvaro Cunhal, «A Revolução Portuguesa – O Passado e o Futuro», Edições Avante!, Lisboa, 1994

Quinta-feira, 11 DE Março DE 2010

La economía española en la encrucijada

España lo tiene difícil. No puede hacer frente a la quiebra de un modelo y a la ofensiva especuladora por sí misma porque ni tiene fuerza endógena ni instrumentos para hacerles frente.

Juan Torres López | Le Monde Diplomatique | 10-3-2010 a las 0:14 |

www.kaosenlared.net/noticia/economia-espanola-encrucijada

La economía española se encuentra en una situación muy difícil. Su modus operandi de decenios anteriores está completamente agotado y la confluencia de tres factores decisivos (su pertenencia a una unión monetaria sin voluntad de disponer de políticas económicas que resuelvan las asimetrías que se dan entre los países que la componen, los rebrotes de la crisis financiera internacional y la peculiar situación de la política interna española) limitan casi totalmente la capacidad de maniobra que necesitaría el gobierno para logar que España saliera airosa de la situación.

La crisis y los problemas estructurales de la economía española: ¡ya no va más!

En España se produjo también la crisis estructural y el mismo tipo de ajuste neoliberal que en el resto del mundo y que, en última instancia ha sido el que ha provocado la última crisis financiera, una expresión más aunque mucho más grave de las consecuencias que lleva consigo el haber situado al capital y a la especulación financieros en el epicentro de la actividad económica. Pero aquí se ha producido un hecho diferencial que es la que a mi juicio explica que ahora esté sufriendo la crisis de modo también singularizado. Me refiero a la casi completa coincidencia de la crisis estructural y el ajuste con una salida pactada a la dictadura franquista que dejó en gran parte intacto sus modos de operar y los privilegios de los principales grupos de poder económico de la dictadura, y de ambas circunstancias con el tardío proceso de construcción del Estado de Bienestar en España que se inició en la transición y más concretamente con el primer gobierno del partido socialista.

La presencia combinada de todas esas circunstancias es lo que explica que ninguno de esos procesos haya salido como debiera haber salido para que hubiera fortalecido a nuestra sociedad y a nuestra economía. Y también algunos de sus rasgos estructurales que ahora pesan como una losa sobre nuestra economía:

- La debilidad de las clases trabajadoras y de sus sindicatos en contraste con el gran poder de los principales núcleos oligárquicos conformados durante la dictadura y que todavía siguen dominando los centros de gravedad de la economía española.

- La conformación muy imperfecta de instituciones decisivas como el mercado de trabajo (dual, de poder muy asimétrico y con fuertes residuos corporativos), el financiero (muy concentrado, protegido y con una perversa influencia sobre el poder político) y el propio sector público, poco eficaz como consecuencia de su gran dependencia de los intereses privados, lo que, entre otras cosas, ha impedido usar con toda su eficacia instrumentos esenciales de transformación social como la política fiscal (que no ha podido imponerse nunca sobre la aversión a los impuestos de las clases adineradas).

- Un gran déficit de capital social y humano y de estructuras de bienestar colectivo que ha influido negativamente en aspectos tan importantes como el desarrollo de la investigación y la innovación o la incorporación de las mujeres a los mercados laborales.

- La dificultosa y traumática vinculación de la economía española con el exterior, esclava del capital extranjero y obligada a competir mediante la especialización empobrecedora en bienes y servicios de poca calidad y bajo precio y recurriendo periódicamente a la devaluación.

- Una desigualdad originaria en el reparto de la renta que apenas si ha podido ser compensada por las políticas redistributivas y que en todo caso aumenta desproporcionadamente cuando éstas se debilitan.

El modelo social que nació de la combinación de estos rasgos es el que Vicenç Navarro ha denominado con toda razón como de bienestar insuficiente y democracia incompleta. Y el modelo productivo que se ha ido consolidando con esos mimbres es uno de baja productividad al estar basado en el uso más barato posible de la mano de obra; de escasa innovación y bajo valor añadido; dependiente del exterior y parasitario de los negocios, de las rentas y las subvenciones procedentes del sector público; de escasa fortaleza endógena debido a la desigualdad; altamente endeudado como consecuencia de la escasez de las rentas familiares y del poder político de la banca; desindustrializado como consecuencia de la externalización y de la supeditación a los intereses globales del capital extranjero que se ha hecho con las redes empresariales más importantes; con grandes tensiones sobre los precios como consecuencia del poder oligopólico que predomina en la mayoría de los mercados; altamente despilfarrador y gravoso para el medio ambiente; y, como consecuencia de todo ello, con una gran dependencia de la evolución del ciclo, tanto a la hora de generar actividad como, sobre todo, en cuanto a creación y destrucción de empleo se refiere.

Este modelo de crecimiento ya produjo en los primeros años de la transición, más tarde en los ochenta y en 1992-93 crisis y fases de gran debilidad y de pérdida de empleos, perturbaciones financieras muy costosas y desajustes con el exterior que, antes de entrar en la zona euro, se pudieron resolver, como he señalado, a base de sucesivas devaluaciones. Y lo que ha sucedido en los últimos años anteriores a la crisis actual es que todos estos rasgos se acentuaron e incluso se exageraron.

La entrada en el euro supuso inmensas entradas de capitales que favorecieron la acumulación de grandes patrimonios y un gran volumen de ahorro, si bien a cambio de perder la propiedad y el control sobre la práctica totalidad del aparato productivo, de una gran desindustrialización y de convertir así a la economía española en una fuente de renta para el capital extranjero a cambio de unos años de potentes ayudas y subvenciones que sostenían la demanda. Las reformas laborales permitieron la creación de miles de empleos precarios y de quita y pon. Los bancos, con la complacencia explícita de las autoridades monetarias, multiplicaron la oferta de crédito y el crédito abundante y más barato en términos reales en España que en el resto de Europa permitió mantener la demanda de consumo y que las empresas pudieran aumentar su poder de mercado y multiplicar sus beneficios. Los gobiernos establecieron las bases para un funcionamiento cada vez más especulativo y oligarquizado de la actividad económica, limitaron el esfuerzo para la creación de capital social (salvo en el caso de las obras públicas vinculadas al negocio de la construcción), renunciaron a establecer disciplina en los mercados, aliviaron las cargas fiscales sobre las rentas de capital, liberalizaron al máximo los mercados del suelo y la vivienda y todo ello alimentó una gigantesca burbuja inmobiliaria que se retroalimentó, proporcionando más liquidez y un incremento desorbitado de la deuda privada (lo que equivale a decir del negocio bancario, que llegó a ser en España mucho más rentable que en cualquier otro lugar de Europa).

En solo seis años, de 2002 a 2008 el crédito total a residente aumentó un 70% y el endeudamiento neto de la economía española, que había crecido un 82% entre 1999 y 2003, lo hizo un 243% en los cuatro años siguientes, dedicándose el 70% de la nueva deuda a la inversión en la burbuja inmobiliaria.

Para mantener el impresionante negocio de la burbuja los bancos y cajas españoles se endeudaron con otros bancos europeos. A diferencia de los de otros países, sus factor de riesgo no fue tanto la exposición a las hipotecas sub prime de Estados Unidos como la acumulación de activos vinculados a la burbuja inmobiliaria. Y, por eso, en lugar de ser receptores de riesgo por esa vía se convirtieron más bien en sus exportadores hacia los bancos que los habían financiado y que ahora se enfrentan temerosos a la situación económica de la banca y la economía españolas.

Por supuesto, ésta última sufrió el impacto de la crisis mundial. Era inevitable, aunque sus bancos no estuvieran tan directamente afectados por la difusión de hipotecas basura y sus derivados como los de otros países, porque, en todo caso, les afectaba el racionamiento del crédito que produjeron las quiebras bancarias y la desconfianza generalizada y, enseguida que estalló la burbuja en España, su propia descapitalización interna. Así que, al igual que en otros lugares, la banca española también cerró el grifo de la financiación a la economía provocando todo lo más que se podía extender la destrucción de actividad y de empleo.

Pero, a diferencia de lo ocurrido en otros países, el problema de la economía española era que hubiera entrado en crisis incluso aunque no se hubiera producido la financiera de nivel internacional.

Agotado su modelo badado en la actividad inmobiliaria y en la generación de deuda privada, la economía española estaba condenada a caer en barrena con independencia de lo que hubiera sucedido con las hipotecas basura.

Sin capacidad de maniobra

Ante esta situación el gobierno reconoció, aunque muy tardíamente que la economía española no puede seguir desenvolviéndose como hasta ahora y ha propuesto un cambio de modelo y la puesta en marcha de estrategias de recambio productivo. Aunque la mayoría de ellas se las ha llevado el viento de la recesión cuando el gasto para evitar el colapso y satisfacer la demanda de recursos de la banca ha desbocado el déficit público, que ha llegado al 11,4% del PIB en 2009.

Así se ha alcanzado una encrucijada muy delicada porque, por un lado, haría falta más gasto contracíclico pero, por otro, no hay ya prácticamente más capacidad para aportarlo. O se incurre en un gran sobrecoste en los mercados y se sufren los ataques especulativos y la extorsión política orientada a garantizar el pago y a evitar que de esa forma se afecte no solo a la imagen como deudor de España sino a la divisa europea... o se cambia de política, algo a lo que no parece estar muy dispuesto el gobierno ni para lo que se ha generado el clima y el poder social que pudieran hacer factible el cambio de estrategia.

Lo que está ocurriendo entonces es que, en lugar de que España viva una evolución de la crisis más o menos acompasada con el resto de los países centrales de la Unión Monetaria, sufre lo que llamamos un típico impacto asimétrico con respecto a ellos y como consecuencia, en este caso, de la debilidad añadida que le produce su modelo económico agotado.

El problema al que ahora se enfrenta España es el que advertimos muchos economistas en su día: una unión monetaria imperfecta que no dispone (porque se ha renunciado explícitamente a ello) de mecanismos de coordinación y reequilibrio.

Los teóricos de las uniones monetarias demostraron hace años que, en esas condiciones, es inevitable el desenganche de las economías impactadas, que sufren un deterioro en actividad y empleo que puede llegar a ser irreversible.

En esta coyuntura se añade además un factor que agrava la situación. Sabiéndose que es inevitable que se produzca, como se está produciendo, este desenganche, y conociéndose que la Unión Europea no tiene hoy día otra respuesta política que el más de lo mismo y ningún instrumento económico que pueda evitarlo, se está haciendo una verdadera y explícita llamada a quienes sostienen la deuda de la periferia europea, que seguramente no es ni la más elevada ni la más arriesgada desde el punto de vista de los compromisos de pago, pero sí la soportada por los estados política y económicamente más debiles y maniatados.

Es verdad que eso ha sido siempre así, o al menos eso es lo que ha ocurrido en los últimos decenios en diversos países y situaciones. Pero ahora el agravante es que, como secuela de los continuos ramalazos de la inconclusa crisis que vivimos, y como resultado de la financiación tan generosa de los bancos centrales y gobiernos a la banca internacional, la especulación financiera se encuentra de nuevo desatada.

La criminal paradoja que se está produciendo es que los bancos crearon la crisis, hundieron las economías, obligaron a que los estados se endeudaran para salvarlos y evitar la debacle y, puesto que ya no disponen de banca pública que hubiera podido hacerlo en otras condiciones, deben recurrir a los propios bancos privados que provocaron la crisis que así hacen ahora un negocio redondo suscribiendo la deuda. Y gracias al poder que mantienen impondrán condiciones draconianas a los gobiernos para que los recursos vayan, antes que nada, a retribuirla y garantizarla.

Finalmente, no se puede dejar de mencionar la debilidad añadida que provoca la peculiar situación política española. La derecha, en una gran parte formada y consolidada en torno a los grupos de poder nacidos del franquismo, no está dispuesta de ninguna manera a ceder en la presión continua al gobierno que, para colmo, se viene enfrentando a la crisis con análisis erróneos, zigzagueando, sin proyecto, cada vez con menos credibilidad y con un liderazgo social más debilitado que nunca. Y, por otro lado, los sindicatos no terminan de tomar el timón de los intereses de los clases trabajadoras y los grupos la izquierda del partido socialista se encuentran divididos y debilitados

España lo tiene difícil. No puede hacer frente a la quiebra de un modelo y a la ofensiva especuladora por sí misma porque ni tiene fuerza endógena ni instrumentos para hacerles frente. No tiene salida sin Europa pero el neoliberalismo que impregna a esta Europa es el responsable de gran parte de sus males.

Fuente: , nº 173, marzo de 2010

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publicado por Rojo às 22:41
Quinta-feira, 11 DE Março DE 2010

O plano de austeridade implica regressões sociais devastadoras

Como foi na Grécia o chamado "Plano de Estabilidade e Crescimento"

por CADTM [*]

O governo grego acaba de anunciar a execução de um plano de austeridade que foi muito bem acolhido pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas para o CADTM, as medidas inscritas neste plano são simplesmente inadmissíveis. Isto que o governo de Atenas apresenta como uma solução face à crise não é senão a tomada da população grega como refém, intimada a arcar com a irresponsabilidade dos actores financeiros que provocaram ou agravaram a crise.

Este plano de austeridade pretende economizar 4,8 mil milhões de euros sobre as costas da população grega para reembolsar os credores. Servirão igualmente para pagar os honorários do banco Goldman Sachs, o qual sabe-se agora que ajudou o governo a dissimular uma parte da sua dívida. Na ementa, nomeadamente, estão:

  • congelamento do recrutamento e redução dos salários dos funcionários (importante baixa do montante dos 13º e 14º mês, diminuição dos prémios, após uma redução dos salários de 10% decidida em Janeiro);
  • congelamento das aposentadorias;
  • alta do IVA de 19% para 21%, quando se trata de um imposto injusto que atinge mais os mais desfavorecidos;
  • alta dos impostos sobre o álcool e o tabaco;
  • redução drástica dos orçamentos sociais, como o da Segurança Social.

Para o CADTM, estas medidas fazem parte do problema e não da solução. A crise actual é utilizada para acabar com as resistências face aos direitos sociais obtidos com muita luta. Longe de extrair os ensinamentos, os dirigentes das grandes potências e do FMI exercem uma pressão intensa para impor novas medidas neoliberais, para agravar as desigualdades, para precarizar ainda mais as populações. Ao mesmo tempo, nenhuma medida eficaz é tomada para fazer com que o peso da crise seja suportado por todos aqueles que são responsáveis e para impedir que novas crises se reproduzam no futuro.

O CADTM pede aos países afectados pela crise financeira para deixarem de escolher a opção neoliberal que levou o mundo ao impasse actual, quando existem escolhas radicalmente diferentes. O CADTM apoia a população grega que se mobiliza maciçamente em favor de uma ruptura com o modelo neoliberal. A socialização das perdas e a privatização dos lucros são princípios a rejeitar com urgência.

05/Março/2010
[*] Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo

O original encontra-se em http://www.cadtm.org/Grece-le-CADTM-condamne-le-plan-d


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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publicado por Rojo às 22:18

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