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Quarta-feira, 22 DE Abril DE 2009

Porque é que a economia espanhola continua a desabar?

Alberto Montero Soler; Março de 2009

A gravidade da situação da economia espanhola e as suas perspectivas actuais de pioramento a curto e médio prazo resultam, nesta altura, evidentes para qualquer cidadão.

A deterioração das principais variáveis económicas, chegando muitas delas a níveis desconhecidos na nossa história recente, e a velocidade do processo são traços indicativos de que se trata de um fenómeno sem precedentes próximos que permitam comparações, salvo talvez a crise de 1992-93.

É difícil questionar que a celeridade com a qual o desemprego está a aumentar constitui a manifestação mais evidente da gravidade da crise actual: de Janeiro de 2008 a finais de Janeiro de 2009 aumentou em mais de um milhão de pessoas, e situou-se no seu nível mais alto desde 1996, com 3.327.800 de desempregados (14% da população activa). Por seu lado, os dados de afiliação à Segurança Social recolhem que em 2008 se destruíram mais de 840.000 postos de trabalho.

Além disso, o que tanto se temia ocorreu: Espanha já se encontra tecnicamente em recessão, tendo em conta as quedas do PIB dos dois últimos trimestres de 2008, e todas as estimativas indicam que a contracção do PIB superará 1,5% em 2009.

Até aqui poderia parecer que não há elementos diferenciais entre os traços da crise económica espanhola e os de outras economias ocidentais: em quase todos os países, a crise financeira internacional está a deteriorar, com intensidade e velocidade dispares, as principais variáveis da economia real, aquelas que em maior medida incidem sobre a geração de riqueza e bem-estar.

Este facto favoreceu que as autoridades económicas espanholas tenham encontrado na crise financeira internacional o bode expiatório perfeito para lhe atribuir toda a responsabilidade pela situação actual e, martelando sem cessar o seu carácter internacional, tratem de eludir a quota de responsabilidade que lhes pudesse corresponder pelo estado de coisas actual.

No entanto, existe um importante elemento diferencial que, com um simples olhar, encaixa mal com o recurso ao automatismo simplista de atribuir ao contexto de crise internacional a causa única do curso que a crise em Espanha está a seguir. É que, enquanto no resto do mundo a crise financeira tem adoptado diversas expressões dessa natureza, já seja na forma de falência e/ou problemas graves de solvência de instituições financeiras, em Espanha esses problemas ainda não se manifestaram. O que, evidentemente, não quer dizer que não existam e se possam encontrar latentes sob uma forma diferente esperando o momento de explodir.

O estranho é que, apesar disso, a intensidade e celeridade com a qual se está a deteriorar a situação económica é, de longe, a maior da União Europeia e as perspectivas de que a situação melhore não são muito animadoras. Qual pode ser a razão?

OS DESEQUILÍBRIOS QUE NINGUÉM QUERIA VER

A comparação da crise em curso com a de 1992-93 permite destacar um importante elemento comum: em ambos os casos, os desajustes internos e externos da economia espanhola acabam por se tornar insustentáveis e provocam a necessidade de um ajuste que, ao não ser reconhecido e conduzido de forma ordenada pelos respectivos governos de turno, acaba por ser imposto sem contemplações por via do sector exterior.

Assim constatamos que, novamente, é a restrição externa que está a forçar o reajuste da economia espanhola, colocando-a perante as suas profundas contradições e pondo em xeque os governos de diferente signo político das últimas legislaturas. Governos que são responsáveis, tanto de estimular um padrão de crescimento insustentável económica e ambientalmente, como de não embridá-lo quando os primeiros sintomas de desequilíbrio começaram a aparecer, confiando em que as forças do mercado facilitariam um ajuste “suave” da economia espanhola.

Na origem desses desequilíbrios encontram-se uma série de circunstâncias amplamente vinculadas ao novo contexto económico e de política económica resultante após a criação do euro.

É que, se houve uma economia que aproveitou com intensidade as vantagens da criação do euro e, ao mesmo tempo, descuidou os efeitos perversos que dessas vantagens pudessem derivar a médio prazo sobre os seus equilíbrios económicos básicos, essa economia foi a espanhola.

A etapa de baixas taxas de juro que foi inaugurada com o aparecimento do euro permitiu que a Espanha, que tinha iniciado uma longa fase de expansão económica em 1997, beneficiasse de condições que, dado o diferencial de inflação da economia espanhola em relação aos seus sócios europeus, se distanciavam amplamente das que o Banco de Espanha deveria ter mantido se não tivesse cedido a sua soberania monetária ao BCE.

Isto levou a que, em determinados períodos, as taxas de juro reais em Espanha fossem negativas e, consequentemente, que os incentivos ao endividamento generalizado fossem quase irrefreáveis. Mas, também, a que Espanha pudesse financiar em condições muito vantajosas este longo período de crescimento de quase dez anos consecutivos de crescimento do PIB real acima de 3%.

Essa fase expansiva esteve acompanhada de um importante processo de criação de emprego (entre 1998 e o segundo trimestre de 2007, foram criados quase 7 milhões de novos postos de trabalho) e do incremento dos rendimentos económicos internos, sendo a construção o principal motor desta fase de expansão.

Desta forma, este longo período de expansão económica unido às vantajosas condições para o endividamento, permitiram que o incremento na oferta de moradias residenciais encontrasse uma procura nacional em condições de absorvê-la, reforçada pelo incremento da população imigrante e pelo turismo residencial europeu.

Conforme a dinâmica de revalorização continuada do preço dos activos imobiliários se mantinha no tempo, essa procura foi adoptando progressivamente um perfil mais especulativo; circunstância que se acentuava dada a baixa rentabilidade oferecida pelos tradicionais activos financeiros utilizados pela população para a manutenção da poupança.

Este círculo, aparentemente virtuoso e, como tal, exaltado por sucessivos governos, cedo entrou numa dinâmica que acabou por torná-lo vicioso.

Os factores que coadjuvaram a essa mutação foram, basicamente, três. Por um lado, a hipertrofia do sector imobiliário convertido em motor da economia e estimulado pelas expectativas de incremento continuado dos preços da moradia. Em segundo lugar, o recurso generalizado ao endividamento em massa por parte de famílias e empresas. E, finalmente, a dependência, para a manutenção oleada de toda esta engrenagem, do acesso por parte do sistema financeiro a recursos financeiros externos a baixo custo para poder atender à procura de crédito interna tendo em conta a baixa taxa de poupança nacional.

A bolha imobiliária estava servida e, como todo o fenómeno especulativo, a sua continuidade dependia de que nenhum dos factores que a alimentava colapsasse.

Se a este padrão de crescimento desequilibrado e de natureza especulativa juntarmos o já referido diferencial da taxa de inflação espanhola em relação às dos seus sócios europeus e os seus menores níveis de competitividade, encontraremos o outro grande desequilíbrio da economia espanhola: o seu tremendo déficit de conta corrente, que em 2008 chegou a 10% do PIB.

Um déficit que persistiu porque os diferentes governos foram incapazes de atalhá-lo por via de reformas estruturais e porque, além disso, a pertença ao euro, ao mesmo tempo que protegia a economia espanhola do ajuste pela via dos ataques especulativos, também tornava inviável o instrumento que em várias ocasiões tinha permitido corrigir este desequilíbrio: a desvalorização da moeda.

Face a estes desequilíbrios, a economia espanhola gozava de duas importantes fortalezas.

Por um lado, a posição de superavit fiscal e os reduzidos níveis de endividamento público em relação ao PIB, que lhe permitiram contar com um mínimo de almofada de segurança quando a crise começou a manifestar-se, mas que rapidamente, pelo menos no que ao saldo fiscal se refere, se esgotaram.

E, por outro lado, a relativa robustez do seu sistema bancário e financeiro, como consequência de que, desde o ano 2000, o Banco de Espanha obrigava bancos e caixas de poupança a dotar provisões genéricas para que, no caso de se produzir um aumento da morosidade, a posição financeira das instituições não se visse afectada. Se a essas reservas, que quando se iniciou a crise eram de mais de 30 mil milhões de euros, acrescentarmos as injecções de liquidez a partir do BCE, o Fundo de Aquisição de Activos Financeiros criado pelo governo e os avais do Estado para as emissões de dívida que realizem, poderemos entender por que não faliu ainda nenhum banco ou caixa de poupança espanhóis.

 

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Fonte Informação Alternativa

publicado por Rojo às 17:50
Quarta-feira, 01 DE Abril DE 2009

A Ditadura Militar brasileira, 45 anos depois do golpe de 1964 (parte 3)

(IV)

A Operação Bandeirante - OBAN foi um centro de informações, investigações e de torturas montado pelo Exército do Brasil em 1969, que a coordenava e integrava as ações dos órgãos de combate às organizações armadas de esquerda que tinham por objetivo confrontar o regime ditatorial que vigorava desde 1964 no Brasil.

A entidade foi financiada em 1971 por alguns empresários, como Henning Albert Boilesen, da Ultragás, que teria sido assassinado em São Paulo sob a acusação de ter sido um dos financiadores da OBAN.

Seu membro mais famoso foi o major Carlos Alberto Brilhante Ustra.

 História

A OBAN foi lançada oficialmente em junho de 1969. Teriam participado do ato de lançamento da OBAN, no dia 1º de julho de 1969, em São Paulo, o governador da época, Roberto Costa de Abreu Sodré, o secretário de Segurança Pública, Hely Lopes Meireles, o general José Canavarro Pereira, comandante do II Exército, e os comandantes do VI Distrito Naval e da 4ª Zona Aérea.

No entanto, o ex-governador Abreu Sodré negou qualquer envolvimento com a OBAN. O prefeito da capital paulista à época, Paulo Maluf, também refutou as versões de que teria dado apoio à iniciativa. Nada foi apurado oficialmente contra esse dois políticos.

As ordens para a montagem de um organismo que reunisse elementos das Forças Armadas, da Polícia Estadual - civil e militar - e da Polícia Federal para o trabalho específico de combate à subversão, foram dadas ao final de 1968 pelo Ministro da Justiça, professor Luís Antônio da Gama e Silva, numa reunião dos secretários de Segurança em Brasília, e pelo general Carlos de Meira Matos, que estava na chefia da Inspetoria Geral das Polícias Militares. A reunião, chamada "Seminário de Segurança Interna", discutiu toda uma estratégia de combate aos opositores do regime.

Sua sede foi instalada no número 1030 da rua Tomás Carvalhal, nos fundos do 36° distrito policial, na capital paulista.

Este local é considerado a mais célebre casa de torturas e de assassinatos da ditadura e no paradigma dos órgãos de segurança da ditadura militar.

Seu primeiro comandante foi o tenente-coronel do Exército Waldir Coelho Pode-se dizer que a partir daí o Exército entrou de corpo inteiro no combate às forças de esquerda e principalmente, naquele momento, às que se dispunham a desenvolver a luta armada para a implantação de uma ditadura comunista no Brasil. Mas não apenas estas: professores universitários eram vigiados e frequentemente abordados por agentes da organização.

Sem vínculos formais, ou legais,a OBAN era em essência uma formação paramilitar de ação direta e violenta à margem da lei, o que lhe dava agilidade e brutal eficácia.

Era financiada por doadores privados como o Grupo Ultragás, Ford, GM e Grupo Camargo Corrêa, entre outros e pelos bens tomados de suas vítimas. Entre os doadores, haviam os que apoiavam com entusiasmo a repressão e outros que contribuíam a contragosto, sob pressão.[carece de fontes?]

Entre esses doadores, destaca-se a figura de Henning Albert Boilesen, dinamarquês naturalizado brasileiro, diretor do Grupo Ultra. Segundo versões, contestadas por sua família e nunca apuradas oficialmente, chegou a participar de sessões de tortura e teria inventado uma ferramenta de tortura que levou seu nome: a Pianola de Boilesen, uma espécie de teclado que emitia choques elétricos em quem o premesse. Também faz parte do imaginário esquerdista a filiação do empresário como colaborador da CIA.

Em 15 de abril de 1971 ele foi morto na capital paulista por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada por Carlos Lamarca.

Investigações posteriores revelaram que Lamarca planejava executar ainda os empresários Pery Igel e Sebastião Camargo, que também supostamente davam suporte financeiro à repressão aos grupos armados de esquerda.

Em 1970, a OBAN, embora ainda conhecida como tal, ela já está mais legalizada. Esta enquadrada pelo Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Funciona ainda como OBAN, mas ao colocá-la sob a jurisdição do DOI-CODI, pretendia-se diminuir a sua autonomia, o que ´na prática não acontecerá. Em 1970, quem comanda a OBAN – oficialmente o DOI-CODI – é Carlos Alberto Brilhante Ustra, major de artilharia do Exército, conhecido também, nas rodas da tortura, pelos codinomes de Major, Doutor Silva e Doutor Tibiriçá.

A ação da OBAN, como dos demais órgãos de repressão aos grupos terroristas de esquerda, só começou a arrefecer para enfim cessar a partir da abertura lenta e gradual promovida pelo presidente Ernesto Geisel. A morte de sua principal autoridade civil, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, sepultou a história daquele período.

Parte desta história começou a ser revelada no início dos anos 90 com a descoberta da vala clandestina do cemitério de Perus e as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal. Corpos de indigentes, vítimas do esquadrão da morte e presos políticos, mostravam que a vala foi depósito de todo tipo de violência do regime militar

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Brasil: O museu da tortura

 

Reportagem: Daniel Zanini H. Imagenes e edição: Karine Batista ... tortura museu brasil brazil ditadura militar tel esur ...

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http://www.youtube.com/v/jXRkJ6m01MQ&hl=pt-br&fs=1"></param><param

 

Memórias da Ditadura

Memórias da Ditadura

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http://www.youtube.com/v/itCbMSezTus&hl=pt-br&fs=1"></param><param

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publicado por Rojo às 09:04

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