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Quinta-feira, 26 DE Fevereiro DE 2009

Cimeira Luso-Espanhola: mais infraestruturas, menos meio ambiente

Ecologistas en Acción; 21 de Janeiro de 2009

 

Por ocasião da realização em Zamora da XXIV Cimeira Luso-Espanhola, a organização espanhola Ecologistas en Acción manifesta a sua oposição às novas infraestruturas de transporte previstas entre ambos os países e reclama a criação do Parque Natural Internacional do Bajo-Baixo Guadiana, apoiando, para além disso, o manifesto feito pelos movimentos sociais da região, a favor do acondicionamento e a reabertura do Comboio da Via da Prata.

 

Perante o início da XXIV Cimeira Luso-Espanhola, Ecologistas en Acción insta os Governos de ambos os países a que encaminhem os seus esforços de cooperação e coordenação pela sustentabilidade, em vez de utilizar estas cimeiras para potenciar algumas das actividades mais destrutivas do território, neste caso as infraestruturas de transporte.

Em relação ao processo de ratificação do Tratado de Lisboa, que se abordará durante esta cimeira, Ecologistas en Acción reitera a sua rotunda oposição ao Tratado de Lisboa por constituir uma das grandes ameaças à democracia, à justiça, à paz e ao equilíbrio ecológico.

 

Para além disso, está a ser ratificado pelas elites sem consulta à população. Este tratado reforça uma Europa neoliberal, aumenta a militarização, a exclusão, as desigualdades e a mercantilização, assim como endurece as políticas de segurança repressiva. Isso reflecte-se num aumento da precariedade, num ataque generalizado a todos os direitos sociais, em particular às conquistas laborais.

 

Ecologistas en Acción exige o respeito pelo NÃO irlandês e exige aos governos que convoquem – por decência democrática – referendos nacionais sobre este tratado. As propostas dos dois governos e da UE para gerir a crescente crise económica, outro dos temas principais da reunião em Zamora, não dão atenção a outras dimensões do mesmo fenómeno que estamos a enfrentar hoje – justiça global, alimentação, clima e energia – nem à necessidade de transformar o sistema económico noutro que decresça com critérios de equidade, que nos permita satisfazer as necessidades básicas das pessoas, realizar todos os direitos humanos e restaurar e preservar a base ecológica da vida no nosso planeta.

 

Ecologistas en Acción reitera a sua oposição à construção de novas infraestruturas de transporte entre Espanha e Portugal, especialmente a A-11 e as linhas de comboio de alta velocidade (Vigo-Porto e Madrid-Lisboa), dado que provocam graves consequências ambientais e sociais, uma vez que implicam um esbanjamento económico que não serve os interesses da maioria da população. Pelo contrário, Ecologistas en Acción defende a melhoria da rede ferroviária existente, que permita velocidades competitivas com o automóvel; um aumento dos serviços e a sua adequação às necessidades dos cidadãos (frequência, comodidade, etc.). Assim, a organização ecologista junta-se ao pedido das organizações locais e regionais, de acondicionamento e reabertura do Comboio da Via da Prata, que está há 24 anos encerrado. Este comboio geraria importantes benefícios sociais e ambientais:

 

- Revitalizaria as províncias de León, Zamora e Salamanca e todas as populações por onde passa (Astorga, La Bañeza, Benavente, Zamora, Salamanca, Béjar, Plasencia, etc.) dado que este comboio oferece enormes vantagens como: importantes reduções de tempo, poupança de energia, benefícios para as empresas e para o meio ambiente, gerando as condições favoráveis para o desenvolvimento do turismo e da indústria, e isso proporcionaria trabalho para os jovens, que não teriam de ir para fora.

 

- Descongestionaria o denso tráfego por estrada e aumentaria o tráfego de mercadorias para o sul e para o norte, aliviando outras zonas do país.

 

- Tendo em conta os problemas das alterações climáticas e da crise energética, é necessário fomentar o uso do transporte público eficiente em substituição de outros mais nocivos, reduzindo dessa forma a emissão de gases contaminantes tal e como indicam os protocolos internacionais.

- Facilitaria o contacto das localidades próximas à infraestrutura com outras zonas, facilitando assim o desenvolvimento cultural e fixando população nos ditos municípios carentes de algum futuro actualmente.

 

Ecologistas en Acción reclama responsabilidade ambiental e social aos mandatários de Espanha e Portugal, pedindo que se abandonem projectos insustentáveis e se assumam outros de valores altamente positivos, o comboio da Via da Prata ou a criação do Parque Natural Internacional do Bajo-Baixo Guadiana, para proteger os valores naturais e culturais de uma região que alberga uma das áreas fluviais de estuário melhor conservadas da Península Ibérica, e para travar o avanço dos interesses urbanísticos especuladores.

Sobre o anúncio de ampliar os dispositivos da FRONTEX no Atlântico para intercâmbio de informação operativa sobre fluxos migratórios de países africanos, Ecologistas en Acción reitera o seu firme repúdio às políticas migratórias da UE, que militarizam as fronteiras e são responsáveis pela morte de milhares de pessoas todos os anos ao tentarem entrar na UE. Por isso exige-se o desmantelamento do Frontex e a revogação da directiva de retorno da UE.

 
publicado por Rojo às 17:33
Quinta-feira, 26 DE Fevereiro DE 2009

Notícias curtas: Palestina, Venezuela

"Um grupo de ex-negociadores de paz apelou ao mundo e a Israel para abandonar a política de isolar o Hamas e dialogar com o Partido da Resistência Islâmica."

 

Fonte: Al Manar

 

"Agora que Chávez pode parar de preocupar-se com a possibilidade ou não de poder candidatar-se à re-eleição, ele poderá se concentrar em satisfazer as necessidades do povo que o poderá re-eleger.  Os problemas sociais e políticos da Venezuela requerem atenção urgente e especializada e com a queda dos preços de petróleo, Chávez tem um imenso desafio pela frente. Mas a 15 de Fevereiro (de 2009), olhando para trás nos seus 10 anos no governo, 54 por cento dos venezuelanos sentiram que Chávez e a sua Revolução Bolivariana é uma mudança em que eles podem acreditar."

 

Fonte: The Nation

Quinta-feira, 26 DE Fevereiro DE 2009

Camilo Torres (reportagem TeleSUR)

TeleSUR _ 19/02/2009

 

"Onde caiu Camilo nasceu uma cruz,
porém não de madeira,  e sim de luz".
(Victor Jará)"Não deporei as armas enquanto o poder
não estiver totalmente nas mãos do povo".
(Camilo Torres)


"Camilo Torres está vigente", realça o sociólogo Eduardo Cortez Barrero, em entrevista exclusiva para a equipa do Site da TeleSUR, comentou que na sua juventude era um dirigente estudantil venezuelano e viajou para a Colômbia para conhecer as revoluções que ali se originavam, e assim conhecer de perto as lutas revolucionárias.

"Tive a oportunidade de conhecer a liderança de Camilo, durante uma visita a Bogotá, nas lutas dos anos 60 - 70, quando se abre todo um movimento nos povos deste continente na busca da libertação nacional e contra a oligarquía", recordou Cortez.

"Ele me convidou a caminhar por umas ruas de Bogotá e ali é onde eu entendo perfeitamente a liderança de Camilo, porque saímos oito ou nove pessoas com ele a acompanhá-lo, por uma avenida muito conhecida de Bogotá que se chama a Carreira Séptima…Caminhamos pela Carreira Sétima e quando demos conta, tinhamos gente detrás e gente adiante, o saudando, aproximavam-se dele e ele tinha que improvisar comícios e parar para fazer os seus discursos", narrou.

Camilo Torres, nasceu em Bogotá o três de Fevereiro de 1929, cumprindo-se hoje (3/02/2009) 80 anos do seu nascimento. A Biblioteca Nacional da Venezuela realizou uma homenagem, a quem se converteu num dos líderes mais seguidos na Colômbia, personagem que uma vez dentro da revolução, jamais deixou perder a sua essência de religioso.

Uma vez que se ordena sacerdote em 1954, sai com a sua batina, não só a pregar o evangelho, mas também a estudar e converter-se num cientista social. Desta maneira faz-se conhecedor da realidade histórica e contemporânea de seu país, e assim se incorpora à vida política nacional. Foi então quando pendurou a batina e tomou uma arma, sem abandonar seu espírito cristão.

Lutas de Camilo

Em 1965 Camilo Torres cria o movimento Frente Unido em sua terra natal Bogotá, o que correspondia à oposição à Frente Nacional que constituíram os liberais e conservadores para alternar-se no poder.

Para fazer da sua criação um verdadeiro suporte político, incorpora-se à luta armada, obrigado em parte pelas inumeráveis ameaças contra a sua vida e ideais, no entanto, sempre manteve a promessa de abandonar os fuzis quando o povo estivesse de forma definitiva no poder, o que ainda não ocorreu.

"Era seguido pela gente em todos os lugares, isto é, era um líder e isso é precisamente o que fez com que o seu inimigo, a oligarquia colombiana criminosa, não lhe permitisse que ele abrisse um espaço pela via legal e ante as ameaças e a perspectiva do assassinarem se vai à luta armada", detalhou, em declarações à página do Site da TeleSUR, quem em vida o conheceu, Eduardo Cortez Barrero, um dirigente estudantil venezuelano dos anos 60 e que na actualidade desempenha funções de sociólogo.

Quando ingressa no Exército de Libertação Nacional "ele disse que não ia ser uma figura decorativa, é então que vai a uma acção militar em Santander do Tuy e ali morre", especificou Cortez.

Nessa batalha que teve com o Exército regular colombiano perdeu a sua vida, porque, ainda que a Frente Unida tenha triunfado, em Camilo Torres prevaleceu a sua condição de sacerdote e ao escutar os muitos homens em seu leito de morte dentro do campo onde se deram os confrontos, regressou para dar àquelas almas o Sacramento da Unção dos Doentes, e é nesse momento que foi surpreendido pela morte.

Por sua vez, o precursor da homenagem, Wolfang Vincent, geógrafo e crítico literário, quando iniciou a actividade baseada em comemorar os 80 anos do nascimento de Camilo Torres, expressou que "a liberdade da Colômbia está unida à liberdade da Venezuela, e nessas lutas Camilo foi muito representativo e protagónico, deixou tudo para batallar pelos demais".

A Colômbia de Camilo

Fome, doenças, injustiças e enquistamiento da oligarquia constituíam as principais características da Colômbia em que viveu Camilo Torres (1929 – 1966).

Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), realizado no ano de 2002, assinalava que "a Colômbia se encontra desde há 20 anos numa situação à beira da guerra civil onde se enfrentam tropas militares, grupos armados da guerrilha, paramilitares e os narcotraficantes".

No tempo em que viveu Camilo Torres, começaram a surgir na nação os movimentos revolucionários, que se opunham a que o povo padecesse de tanta miséria.

Nos anos 60 aparecem grupos guerrilheiros de esquerda, em 1964, nascem as Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (FARC) e o 1965 cria-se o Exército de Libertação Nacional (ELN)

Além disso a investigação do PNUD fala de uma violência crescente na qual os civis são as primeiras vítimas: sequestros em massa, atentados, assassinatos, ameaças de morte. Tudo o citado, originou a deslocação de milhões de pessoas que abandonaram os seus lugares de nascimento, tal como refere o citado estudo.

A teologia da libertação

Camilo Torres como cientista social, traz à realidade aqueles ensinos de Tomás de Aquino, o teólogo por excelência.

Segundo falla a "História da Filosofia, Noesis", a teologia propõe que a figura de Deus não deve permanecer em ideais, senão que é prioridade demonstrar durante a sua existência.

Aquino como teólogo, baseia os seus estudos na "preocupação intelectual e didáctica ancorada à sistematização e exposição da doutrina cristã sobre Deus".

Neste sentido, Camilo Torres não se conforma com difundir a doutrina do cristianismo, como também tenta levar a cabo um cristianismo democrático.

"Camilo Torres representa a teologia da libertação. Uma linha de sacerdotes que querem fazer desse sacerdocio uma militância para a libertação", disse em seu discurso o Director da Biblioteca Nacional da Venezuela, Ignacio Barreto, em uma homenagem que fez ao líder colombiano na citada instituição.

Se uma das premissas teológicas estabelece que "a sociedade é o meio comum que tem a humanidade para chegar a seu fim último", para Camilo Torres, esse fim último era a libertação.

O autor Roger Smalling, definiu à teologia da libertação como "um movimento que anuncia a necessidade da participação cristã nos processos sociais, na libertação das classes baixas oprimidas económica e politicamente. Afirma a validade de qualquer meio para atingir esta libertação. Inclusive recomenda o conflito armado, como necessário, se todos os meios pacíficos fracassarem".

Nessa doutrina se enquadrou Torres e muitos outros líderes latinoamericanos. As lutas daqueles revolucionários, como Sandino na Nicarágua, Martin Luther King nos Estados Unidos, o Che Guevara e outros destacados que perderam as suas vidas pela defesa dos direitos dos mais desfavorecidos historicamente, fazem-se presentes na actualidade.

"A luta deles não foi estéril, pois hoje a estamos a viveer em uma realidade, em todo este continente, na Argentina com a Cristina Kirncher, na Venezuela com Hugo Chávez, no Brasil com Lula , na Bolívia com Evo Morais, no Equador com Correa e seguirão se estendendo a cada vez mais Governos soberanos", destacou.

Luinés Daniela Sánchez

Fonte: TeleSUR

publicado por Rojo às 16:48
Quinta-feira, 26 DE Fevereiro DE 2009

A Evolução do Ser Humano: da propriedade à sociedade, da energia ao meio ambiente

Podemos dividir toda a história humana até hoje em 3 grandes fases:

 

- O Homem Caçador-Colector

- O Homem Agrícola

- O Homem Industrial

 

Dentro destas fases existem evidentemente sub-fases, ao analisarmos por exemplo a estrutura de classes mais recente (dentro da era Industrial em que estamos) poderíamos revelar o Homem Financeiro (que está hoje na ordem do dia) e o Homem Tecnológico (que nunca foi muito mais do que uma ilusão cultural).

 

O Homem das Cavernas

 

Segundo os cientistas, a caça e a colecta de plantas como forma de subsistência do ser humano durou mais de 2 milhões de anos da história humana. Ao princípio a Humanidade, na fase do Caçador-Colector, não possuía estrutura de classes, isto acontecia porque a propriedade era vista como comum. A natureza era a fonte de recursos que era partilhada por todos. Mas não se tratava propriamente de um paraíso, quando os recursos eram escassos os humanos poderiam lutar até à morte inclusive. É também certo que haveriam lutas sangrentas quando dois homens escolhiam a mesma mulher para acasalar. No entanto essa violência era apenas ocasional e não sistemática.

 

 

A energia foi descoberta primeiramente pelo Caçador-Colector sobre a forma de fogo, que era usada como protecção, arma de caça ou para cozinhar alimentos. Mas o seu uso era perfeitamente integrado no que poderíamos chamar "a ordem natural das coisas" - que neste contexto significa o enquadramento com as normas que regem os ecossistemas terrestres.

 

O registo mais antigo do Homem moderno que é o Homo Sapiens Sapiens é de há 130.000 anos atrás, o antepassado Neandertal do Homo Sapiens extinguiu-se há 30.000 anos. Antes portanto da Era Agrícola. O Homo Sapiens, dizem os cientistas, é produto de uma longa evolução humana (que segundo Darwin descendeu dos símios).

 

Em esquema: o Homem não domina a Natureza, mas antes colhe dela o que precisa para existir.

 

O Feudalismo

 

Há pelo menos 10.000 anos atrás (8000 A.C.) a Agricultura começou a ser desenvolvida. Inicialmente ela começou por ser um método de "enterrar sementes" por parte dos Caçadores-Colectores de modo a poderem evitar a vida de nómadas e acomodar-se numa região menos vasta. No início era apenas uma inovação por comodidade mas com o tempo tornou se no pilar do que chamamos "civilização" - uma sociedade humana organizada e complexa que transcende as relações sociais consideradas de "primitivas" do Caçador-Colector (tais como de "tribo", de "clã", etc., mais ou menos parecidas com as do restante mundo animal).

 

 

Da nova "civilização agrícola" nasceu um sistema económico de dominação de uma elite de humanos sobre a maioria dos humanos (designados como a "plebe", os "servos, os "escravos", etc.). E do sistema económico Feudal nasceram sistemas políticos, como Monarquias, Impérios e até os primeiros esboços (embora tímidos e em curtos períodos) de República e Democracia reservados a um uso exclusivo das elites e com o tempo incorporando algum poder de voto a sectores de classes intermédias.

 

A energia que alimentou o Homem Agrícola foi usada pelas elites feudais para cimentar e expandir o seu poder. Essa energia eram em primeiro lugar os grãos de cereais que aumentavam a força muscular humana e as outras capacidades físicas humanas, mas também o gado, o peixe, o vinho, hortaliças e frutas que desenvolveram as capacidades do ser humano. Esse ser humano reforçado, mais forte e capaz era usado pela elite feudal para fazer guerras que colocavam estas elites de nações (ancoradas por norma num regime monárquico ou imperial) umas contra as outras em busca de acumular mais e mais recursos e riquezas, que por sua vez serviam para fortalecer o controle das elites sobre a sociedade e os seus estilos de vida luxuosos.

 

A escravatura foi se tornando mais e mais comum nos regimes feudais à medida que estes cresceram em controle de vastos territórios e em poder militar. Um destes regimes que serve como paradigma da sociedade com classes até hoje foi o Império Romano.

 

 

Eu creio que se pode afirmar que quase todas as nações da Era do Homem Agrícola evoluíram ou tentaram evoluir para um Império ou pelo menos se pode dizer que durante esses milénios anteriores à Era Industrial a principal medida de sucesso de uma sociedade era a extensão imperial, ou seja, a conquista de novos territórios (incluindo recursos naturais e povos subjugados pelo domínio de Elites imperiais).

 

 

O Império Romano serviu para dominar toda a Europa e partes da África, da Ásia e do Leste Europeu. O Império Romano entrou em colapso, mas logo apareceram novos herdeiros continuadores. Na chamada "idade média" diversos países - entre os quais se destacam Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda - se ergueram para dominar imperialmente o chamado "Novo Mundo" (todas as Américas, do Sul, Central, Caraíbas e do Norte), toda a África e partes da Ásia. A religião católica, as formas de organização política e o expansionismo militar foram incorporadas pelas nações surgidas da desagregação do Império Romano.

 

Na Europa, no período pós-romano, o Clero tornou-se uma poderosa classe dominante associada à Nobreza e à Família Real (todos os últimos dominando o Exército Real que desenvolvia a expansão imperial). A religião hierarquizada servia de controle social e cultural facilitando o trabalho de dominação dos seus sócios imperiais monárquicos e afins.

 

Existiram muitos e imensos Impérios na Era Agrícola, como a Dinastia Omíada (o maior Império dos Califas, árabes islâmicos), o Império do Mongol, o Império Russo, o Império Otomano, os Impérios de Espanha e Portugal, o Império Britânico (que teve uma origem anterior à Revolução Industrial) e outros.

 

As contínuas guerras imperiais criaram novas necessidades de refinamento de armas e estratégias bélicas. Assim surgiram os artesãos. Da necessidade de extrair um maior proveito da espoliação imperial surgiu o comércio e a ascendente burguesia mercantil. E destes reordenamentos de classes surgiram as condições para acabar com as monarquias absolutistas e depois com as liberais, ambas cobertas de sinais de decadência imperial. O comércio, aparentemente, havia se tornado uma forma de dominação mais poderosa do que a força bélica.

 

 

Em esquema: o Homem domina a Natureza, a Elite usa o Homem reforçado para consolidar e expandir o seu poder sobre a Natureza e sobre o próprio Homem.

 

A Era Industrial dos Combustíveis Fósseis

 

A Revolução Industrial vem trazer a base de sustentação económica da expansão do domínio burguês - a nova classe dominante pós-feudal - até estender-se a todo o mundo, fundamentalmente a partir do Século XIX. As origens da Revolução Industrial surgem no alvorecer do Século XVIII com a invenção da Máquina a Vapor que transforma o Carvão numa fonte energética (muito abundante até aos dias de hoje) dinamizadora da criação de vastas indústrias.

 

O advento da Indústria enfraquece e domina o anterior pilar de domínio que era a Agricultura. Os senhores feudais são subordinados à força da burguesia, rebaptizada de capital. A necessidade de subordinar as anteriores classes dominates levou a Burguesia a, inicialmente, adoptar uma postura laica e anti-clerical. Isso deu liberdade a proeminentes intelectuais burgueses enveredarem por ideiais nitidamente progressistas, algo que a Burguesia não permitira que fosse muito longe. Não tardou pois então que a Burguesia perseguisse os seus próprios defensores intelectuais.

 

A Máquina (refiro-me às máquinas em geral) tornou-se uma nova fonte de riqueza aparentemente infindável e foi se esquecendo com o  tempo o facto elementar que a Máquina não seria mais que uma carcaça vazia se não fosse alimentada por abundantes Combustíveis Fóssseis - por natureza finitos. Ela estendeu o seu poder a todos os sectores de actividade, com a mecanização da Agricultura, por exemplo, submetendo os seus anteriores rivais da manufactura (como o nome indica, falo do trabalho braçal humano).

 

A mecanização das actividades humanas foi pavimentando o poder da Burguesia, cimentando o seu controle sobre a sociedade, fortalecendo a sua estrutura económica, transformando o regime político ao sabor de seus interesses e penetrando na própria cultura humana para moldar o pensamento e os sonhos das classes exploradas ou dominadas.

 

A partir do fulgor inicial das ideias progressistas da Revolução Francesa e da precepção que a nova prosperidade mecanizada daria riqueza suficiente para acomodar um conforto material a toda a sociedade, incluindo a classe exploradora (Burguesia) e a explorada (Trabalhadores) surgiram revoltas de Trabalhadores e de Povos que levaram a cedências sem precendentes na história humana das elites às classes dominadas. A publicação do "Manifesto do Partido Comunista" em 1848, a Revolução de Outubro de 1917 e as subsequentes, os julgamentos de Nuremberga entre outros efeitos da Segunga Guerra Mundial, o advento da Organização das Nações Unidas em 1945, a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, entre outros acontecimentos - particularmente entre esse período de 1850 a 1950 - elevaram os direitos, liberdades e garantias das classes exploradas mas fizeram também subir as suas expectativas.

 

Uma vez que o controle coercivo por parte das elites sobre as sociedades foi relaxado com as conquistas sociais dos explorados (a democratização generalizada, aumentos dos níveis de vida, de saúde, etc.) a atenção do Homem Industrial virou-se para o consumo de produtos como forma de atingir o bem-estar. O Capitalismo esforçou-se por convencer e conseguiu convencer grande parte da humanidade a enveredar por este estilo de vida - o consumo crescente de produtos como um modo de vida, a identificação do consumidor com o produto, etc.

 

Em esquema: o Homem domina a Natureza, a Elite usa o Homem reforçado para alimentar a Máquina, a Máquina domina o Homem e com o tempo a própria Elite.

 

O Futuro

 

Todos os principais combustíveis fósseis estão, segundo os cientistas, prestes a esgotar durante o actual Século XXI, a manterem-se as actuais taxas de consumo.

 

O mesmo se poderá aplicar a todo o tipo de matérias-primas, incluindo as tão vitais como a Água e o Solo Cultivável, mais cedo ou mais tarde, se se continuar com os actuais ritmos insustentáveis de consumismo, produtivismo e destruição ambiental.

 

Vivemos num mundo finito, temos de nos habituar a essa ideia.

 

Em esquema: a Natureza mostra os seus limites e primeiro a Máquina, depois a Elite e depois o Homem entram em Colapso.

publicado por Rojo às 02:00

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